sábado, 9 de junho de 2012

Assembleias: racionalismo versus paixão

  Estive lendo comentários muito bons, postados pelos alunos, no facebook de Engenharia de Minas.
  Impressiona a seriedade que eles têm em buscar uma atitude sensata. Eu estava justamente pensando em contar que, na assembleia de 05/06/12, senti um clima muito forte, onde tudo que apoiasse a greve era aplaudido, e tudo que fosse contra, vaiado. Bem como os meninos falam lá no facebook. Pode parecer óbvio, mas é irracional.  Não se podia conceber alguém chegando ali, e defendendo a opção de não se fazer greve, mesmo que usasse os melhores argumentos.  Nem se concebia a Apub chegando ali e mostrando sua maneira de ver as coisas. Ou seja, a possibilidade de analisar o mais amplo leque de opções estava praticamente descartada, embora isso não estivesse explícito. Os estudantes soavam ainda mais irracionais, gritando a ponto de me causar dores nos ouvidos problemáticos. Depois assisti pelo youtube ao vídeo postado, mostrando o final da reunião.  Professoras dançando e sorrindo alegres, gritando: Se o professor lutar, o aluno vai apoiar.
  Mas desisti de escrever sobre isso, porque concluí que, depois de anos de ditadura, precisávamos dar mais destaque ao fato de que há um grupo entusiasmado com a luta pelos seus direitos, com a alegria de poder fazer greve e influenciar em um resultado.  Como os alunos do facebook falam, sobra uma impressão de que a alegria é mais pelo fato de se estar sendo revolucionário do que pela responsabilidade de se estar tomando uma decisão madura, mas esses exageros sempre ocorrem em aprendizes de qualquer campo.
  Lendo a opinião dos alunos, a princípio fiquei com a pulga atrás da orelha, pois são alunos de engenharia, e no meu tempo, eram eles os reacionários do campus, sempre furando greve.  Mas esses de agora são diferentes: eles defendem uma greve com objetivos claros, mesmo que seja o simples apoio aos professores. Achei que a luminosidade deles merece um apoio, para que esse entusiasmo continue, mas que sempre haja uma serenidade suficiente para se respeitar as opiniões, por mais absurdas que nos possam parecer.  Opiniões que visem construir precisam ser sempre ouvidas, para evitarmos cair em extremismos.
   Depois li, nas listas de discussões dos professores, gente dizendo que o que havia era uma luta de "com Lattes" versus "sem Lattes".  Professores que estavam rico graças à sua produção de pesquisa contra os pobres, como eu, que vivem apenas do salário básico. Uma luta de classe por razões financeiras, dentro da classe dos professores.  Parecia que os professores estavam entrando em guerra uns contra os outros, e por isso surgia a Apub-luta lutando contra a Apub. Meu Deus, será que estamos chegando a esse nível? É preciso que voltemos a ter aquela atuação política de antes da ditadura, mas com respeito e abrindo espaço para opiniões divergentes, pois são elas que melhoram o fator qualidade.

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