sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Fotografei Samuca!

Não sei se vocês já conhecem Samuca. Ele tem até uma comunidade no Orkut!  Fica andando por Ondina, desde a Ademar de Barros até a Centenário.  Uma simpatia ambulante. Desde que me mudei para Salvador, em 1994, que vejo ele andando por aí,  e acho que ele é uma marca do período em que levava minha filha pro ISBA e encontrava ele pelo caminho.  Olhe aí o seu amigo - dizia pra ela, e ela ficava toda contente.  Mas dizem que ele não gosta de ser fotografado.
  Pois bem, hoje, 30/09/11, quando saí pra fotografar o por do sol, encontrei ele parado na Sabino Silva. -Samuca!- falei, e ele me olhou como se estivesse respondendo. - Posso tirar uma foto?
  Ele olhou na diagonal, parecendo que não queria tirar essas fotos batidas de gente posando pra máquina. Taí a foto do nosso caro Samuca, o representante de Ondina:


sábado, 24 de setembro de 2011

Professores da Física 22 anos mais jovens

Vejam o que saiu na Tarde de hoje: Fritz, o segundo eu não conheço, Newton e Alberto Brum, professores daqui da Física, examinando um satélite que caiu em Santa Luz, em 1989. Vejam como eles mantiveram a forma! E a foto revela neles a paixão pela ciência. Admiro todos eles. Nossos parabéns!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Surpresa no Taichi no morro do Cristo

   Como sempre, cato minha câmera e vou pro Morro do Cristo tirar foto de mais um por do sol. Quero juntar todas as fotos em um vídeo, e botar no youtube para mostrar como a posição onde o sol se pôe muda a cada dia, ciclicamente durante o ano. No verão, ele se põe lá na esquerda, onde a ponta de Itaparica se confunde com a linha do mar. É o sul, pois no verão o sol vem pro sul.  No inverno ele vai lá pro lado dos prédios, onde começam as palmeiras da igreja de Santo Antônio. Vai pro hemisfério norte.  Na primavera e no outono ele se põe quase em cima do farol da Barra.
    Mas primeiro eu faço meu Taichichuan, para amenizar o problema da tuba patulosa. Aprendi num curso que fiz durante uns cinco anos no Japão.  Todo ano vinha um professor convidado da China, especialmente para termos um mês de aulas de Taichichuan com um expert nativo.
    Esta quarta feira o morro estava especialmente lotado.  Sete de setembro, feriado nacional, e tinha mais gente do que nos dias de domingo.  Comecei meu taichi em frente ao mar, inspirado pela lua quase em cima de minha cabeça. De repente subiu pelas escadas vindo do mar uma personagem que a sociedade taxaria de desequilibrado mental. Um mendigo, com suas roupas escuras. Parou a quase um passo de mim e ficou me observando bem atentamente.
   - O dia hoje está bonito, né? - falei pra quebrar o constrangimento.
   - Tá - ele respondeu, e veio com o indicador e o dedo médio na direção dos meus dois olhos, como se fosse perfurá-los.  Mais do que medo, tive admiração.  O taichichuan na verdade é uma luta feita em câmara lenta, o que a torna mais difícil.  Se feito em movimentos rápidos, torna-se uma luta como outra qualquer, com golpes de quebrar o cotovelo do oponente.  E numa das muitas modalidades de taichichuan tem essa de incidir o indicador e o médio no olho do adversário para cegá-lo.  O cara entendia do assunto!
    -É isso mesmo! Você conhece, hein? - falei admirado, e continuei tranquilamente.  Ele foi se entusiasmando e respondendo com outros movimentos. Quando chegou nas partes mais difíceis, ele enfiava as pernas entre as minhas.  Todo mundo olhando. Eu percebia que ele conhecia a luta, mas ficava difícil para eu praticar com ele travando meu caminho. Aí começou a chover e todo mundo correu para se abrigar.
   -Eles correm porque não têm força de espírito como nós - ele falava.
   Como o sol continuava, apareceu então um arco-íris completo, desses que raramente se vê. Mostrei a ele e pedi licença para tirar foto.  Ele me pediu orgulhoso que tirasse foto dele com seu carrinho de mão.  Seu nome era Moacir Rodrigues, do Paraná. Mostrei-lhe a foto, e ele me abraçou com muito calor. Mas a chuva engrossava mais, e minha força espiritual estava ficando com medo de pegar um resfriado e não poder ir às aulas, encontrar meus caros alunos.
   -A chuva está engrossando! - falei à guisa de despedida e corri para o alto do morro, onde me abriguei na barraca do meu amigo José, dos cocos.
   Quando voltei para casa, ele já não estava mais por lá. Tomara que amanhã eu volte a encontrar esse Moacir, com sua simpatia diferente, para dar-lhe a foto impressa. O arco-íris inteiro não coube numa foto, e fiz a montagem que se vê aí embaixo. É uma função contínua por pedaços.  A forma da nuvem é a prova da continuidade.  Precisaria ter feito uma rotação em alguma das fotos, por causa da topologia tridimensional do espaço, sabem?
O homem do arco-íris

    Sábado 10/09 encontrei Moacir, o doidinho do arco-íris, perto da Perini da Barra.  Falei a ele que no domingo levaria a foto, e ele ficou todo alegre.  Imprimi essa foto aí, dele com o arco íris ao fundo, e ampliei também só ele com o carrinho de mão. Mas o cartucho estava quase sem tinta, principalmente colorida.  Nem o céu nem o mar apareciam, quanto mais o arco íris.  Papel A4 mesmo, bem rabuléu. Levei pra minha caminhada, mas não encontrei Moacir.  Encontrei o carro dele na entrada da favela da Rocinha.  Perguntei onde estava o dono, e me mandaram entrar na favela e perguntar.  Lá me informaram que o dono do carrinho era um pretinho que estava tomando cerveja na entrada do bar.
     Fui lá falar com ele. Ele ficou surpreso ao ver outra pessoa segurando o carro dele. Foi no sete de setembro, quando ele desceu a escada do morro do Cristo, e foi lá embaixo comer um rango. Moacir se aproveitou da ausência dele para tirar foto com o carro dele, como alguém que tira foto ao lado de uma Ferrari, ou uma Mercedes dos outros.  O dono do carrinho também estava bem orgulhoso da máquina dele.
   - É o meu carrinho mesmo!  Olhe para esses pneus!
E não queria largar a foto. Acho que queria ficar com ele, por orgulho de ter seu carrão fotografado e impresso. Bom de papo, já com umas cervejas no bucho, conversou bastante.  Resolvi deixar para entregar a foto a Moacir noutro dia. Mas acabei esquecendo o papel na padaria, onde certamente jogaram no lixo.  Para uns, uma coisa tão importante, para outros, um lixo.
  O por do sol de 16/09, na Barra, foi nublado: